ELIAS RICARDO SANDE

ELIAS RICARDO SANDE
PSICOLOGO SOCIAL E DAS ORGANIZACOES

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CONFLITOS SOCIAIS SEGUNDO FREUD E WALLON



  1. Introdução

O presente trabalho insere-se no módulo de Negocição e Gestão de Conflitos, com objectivo de perceber e descrever a base teórica dos conflitos sociais sengundo Freud e Wallon. Assim, Freud notou que na maioria dos pacientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hipocondríaca ou histérica estavam relacionados à sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava através dos sintomas (neurose) era consequência da energia (libido) ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas neuróticos que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à repressão tornada também inconsciente. Por sua vez, Wallon, realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores. Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por reformulação, instalando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança.












  1. Abordagem de Sigmound Freud

Segundo Careta (2009), por volta de 1920 Freud elabora então uma teoria da personalidade que se tornou definitiva e que constituiu uma verdadeira revolução quanto ao modo de estruturação do nosso psiquismo. Segundo ele, seriam três as instâncias básicas da personalidade: Id, Ego e Superego. O Id seria o conceito que designaria inconsciente, os impulsos, as motivações e desejos mais primitivos do ser humano, esses desejos seriam de carácter sexual, tendo como objectivo a aquisição do prazer.

O Ego é o conceito que Freud utiliza para designar o conjunto de processos psíquicos e de mecanismos através dos quais o organismo entra em contacto com a realidade objectiva. O Ego seria um guia do comportamento do organismo à luz da realidade.

O Superego: representa as normas e os valores convencionais da sociedade ou do grupo social no qual o indivíduo foi criado e em que está inserido. Diríamos que representa a sociedade dentro do próprio indivíduo, com as suas leis e normas muitas vezes fonte de embaraço, conflitos e de inibição para a estrutura do ego. É evidente que as exigências do Superego se opõem quase sempre aos desejos do Id. Este conflito, entre o Superego e o Id incide directamente no Ego, já que tanto o Id como o Um Ego maduro consegue normalmente achar esta fórmula conciliatória, a qual, para que seja realmente válida, deverá ter em conta também a realidade ambiental. Para resolver esses conflitos, os indivíduos usam mecanismos de defesa: repressão; projeção; regressão; sublimnação; e transferência (Novaes, 2008)

De acordo com (Novaes, 2008), Freud estabelece 5 fases de desenvolvimnto:
Fase Oral ( 0 a 1 ano aproximadamente): a região do corpo que proporciona maior prazer à criança e a boca. É pela boca que a criança entra em contacto com o mundo, é por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o que pega à boca. O principal objecto de desejo nesta fase é o seio da mãe, que além de a alimentar proporciona satisfação ao bebé.
Fase Anal (2 a 4 anos aproximadamente): a criança passa a adquirir o controle dos esfíncteres a zona de maior satisfação é a região do anus. impulsos contraditórios, conflitos. É nesta etapa que a criança começa a ter noção de higiene.
Fase Fálica (de 4 a 6 anos aproximadamente): o desenvolvimento da atenção da criança volta-se para a região genital. Inicialmente a criança imagina que tanto os meninos quanto as meninas possuem um pénis. Ao serem defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas teorias sexuais infantis, imaginando que as meninas não têm pénis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo de castração). Neste período surge também o complexo de Édipo.
Fase de Latência (de 6 a 11 anos aproximadamente): deslocamento da libido da sexualidade para actividades socialmente aceites, ou seja, a criança passa a gastar sua energia em actividades sociais e escolares.
Fase Genital (a partir de 11 anos): tem início com a adolescência, há uma retomada dos impulsos sexuais, passa a buscar, em pessoas fora de seu grupo familiar, um objecto de amor; mudanças físicas no qual o jovem tem que elaborar a perda da identidade infantil e dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir uma identidade adulta.

  1. Abordagem de Henri Wallon
Segundo Nates (2005), a gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar (Dantas, 1992 citado por Nates, 2005). Henri Wallon defende que o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral.
Os Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena quando resultantes dos desencontros entre as acções da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa. Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento.
Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano apresentados por Nates (2005), sucedem-se em fases com predominância afectiva e cognitiva:
Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;
Sensório-motor e projectivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da prensão, dão à criança maior autonomia na manipulação de objectos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental projecta-se em atos motores. Como diz Dantas (1992), para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor;
Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;
Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.
Baseou suas idéias em quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação: afectividade, emoções, movimento e formação do eu.
Afetividade- possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa pois é por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades.
Emoções- é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio.
Movimento- as emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado.
Formação do Eu - Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a crise de oposição, na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos 3 anos, quando é a hora de saber que "eu" sou.
  1. Conclusão
Segundo Freud, os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e o adolescente estão expostos. São os mecanismos de defesa que os indivíduos usam para resolver os conflitos entre id e superego. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formadas.
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de actividades e de interesses da criança, denominada de alternância funcional, onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação.
Wallon enfatiza o papel da emoção no desenvolvimento humano, pois, todo o contacto que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o nascimento, são feito de emoções e não apenas cognições.
















  1. Referências bibliográficas

Careta, C. C. (2009). Inconsciente: Freud versus Jung. Disponível em: http://www.psicologia.com.pt/colunistas/imprimir_colunista.php?id=40, acesso aos 22.05.2011, 12hrs05min

Novaes, A. C. (2008). A sociedade de massa e o desafi o à razão: Sigmund Freud, Hannah Arendt e o homem do século XX. SP: Aphba. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/df/site/publicacoes/primeirosescritos/01.Adriana_Carvalho_Novaes.pdf, acesso aos 22.05.2011, 17hrs50min.


Nates, A. T. Y. (2005). A Abordagem de Henri Wallon. Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=661, acesso aos 22.05.2011, 15hrs55min.

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