ELIAS RICARDO SANDE

ELIAS RICARDO SANDE
PSICOLOGO SOCIAL E DAS ORGANIZACOES

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Adolescencia: Perspectiva Africana


1. Introdução
Vários esforços tem sido feitos na tentativa de definir a adolescência, embora nem todas as sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades que em geral é caracterizado por inúmeras mudanças que ocorrem a nível da esfera dos indivíduos. A adolescência é vista por alguns como um momento conflitivo ou de crise, um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo, uma fase de revolução em que os indivíduos pouco se percebem, visto que mudanças bruscas e progressivas ocorrem em torno de si, mesmo que estas já tenham sido anunciadas.
A puberdade que é um conjunto de alterações físicas e psicológicas que acontecem tanto com os rapazes como com as raparigas, é uma etapa marcante e muito importante de suas vidas e caracterizada pelas mudanças fisiológicas e psicológicas.
O presente trabalho intitulado “ A adolescência”, está sendo abordado no âmbito da cadeira de Perspectivas Africanas e Fenómenos Psicológicos e visa fazer uma reflexão do mesmo tendo em conta a forma como este fenómeno é visto e percepcionado nas culturas Ocidental, Africana e Moçambicana.

Objectivo geral: Compreender como a adolescência é vista e percepcionada segundo os vários contextos culturais.
Objectivos especificos:
  • Definir o conceito de adolescencia segundo as diversidades culturais;
  • Identificar os aspectos psicologicos que as mudanças fisicas podem trazer aos adolescentes;
  • Descrever quais as mudancas ocorrem nos adolescentes e como elas ocorrem.

Metodologia: recorreu-se a revisão bibliográfica e consulta de Sites da Internet.

2. Origem e conceito do termo adolescência
Segundo Pereira (2004) a palavra adolescência tem sua origem etimológica no Latim “ad” (‘para’) + “olescere” (‘crescer’); portanto ‘adolescência’ significaria crescer para’. Pensar na etimologia desta palavra nos remete à idéia de desenvolvimento, de preparação para o que está por vir, algo já estabelecido mais à frente; (Pereira & Pinto, 2003). É como se a adolescência fosse uma “fase” que tem que ser ultrapassada para alcançar aquilo que é ideal. Há algum tempo que a adolescência tem sido vista como “o problema”, um momento de crise (Rena, 2001; Brandão, 2003). A sociedade ocidental vem reproduzindo esta idéia, limitando a compreensão da adolescência, como se esta se resumisse à puberdade, acreditando que somente as mudanças fisiológicas “comandam” este momento da adolescência, normatizando e “naturalizando” os possíveis conflitos através da idéia de que estes estão atrelados a uma passagem de hormônios, menosprezando o sujeito de desejo que confronta seu lugar no mundo, através de discursos minimalizadores do tipo “todo adolescente é assim”.
Segundo Papalia & Olds (1998) adolescência é uma fase de transição no desenvolvimento entre a infância e a fase adulta. Geralmente considera-se que ela começa aproximadamente aos 12 ou 13 anos e termina perto dos 18-19 anos, ou início dos 20. Entretanto, sua base física na realidade começa bem antes, e suas consequências psicológicas podem continuar até bem mais tarde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde- OMS (1965) citado por Serra (2001) a adolescência compreende a faixa etária que vai dos 10 aos 19 anos, caracteriza-se por mudanças físicas aceleradas e características da puberdade, diferentes do crescimento e desenvolvimento que ocorrem em ritmo constante na infância. Essas alterações surgem influenciadas por fatores hereditários, ambientais, nutricionais e psicológicos.
Segundo Simões (2007) a adolescência é um tempo de crescimento, de desenvolvimento de uma progressiva maturidade a nível biológico, cognitivo, social e emocional.
Assim, percebemos que adolescência é uma fase de transição da infância a idade adulta, caracterizada principalmente por acentuadas mudanças físicas, psicológicas, sociais e emocionais tanto nos rapazes assim como nas raparigas.

2.1. Mudanças que ocorrem na adolescência
A adolescência pode ser vista como um momento conflituoso ou de crise onde várias mudanças bruscas e progressivas ocorrem em torno dos indivíduos. Assim sendo, Simões (2007), Conger & Peterson (1984) citados por Papalia & Olds (1998) referem que na adolescência ocorrem mudanças a nível biológico, cognitivo, emocional e social. Deste modo, as mudanças biológicas constituem os sinais mais evidentes de que entrou-se na adolescência que é marcada por um rápido crescimento em altura e peso, mudanças nas proporções corporais e na forma, e a aquisição da maturidade sexual. As mudanças cognitivas são marcadas pela forma de pensar sobre as coisas e com a entrada no período das operações formais (último estágio do desenvolvimento cognitivo de Piaget), o pensamento torna-se mais complexo e mais eficiente. Deste modo, Steinberg (1998) citado por Simões (2007) refere que os adolescentes estão mais aptos para pensar sobre hipóteses o que permite ultrapassar a barreira do concreto e pensar acerca de ideias abstractas. As mudanças emocionais envolvem a forma como os indivíduos se vêem a eles próprios e a sua capacidade para funcionar independentemente onde o estabelecimento de uma definição de si, ou seja, de uma identidade pessoal constituem uma das tarefas chave da adolescência. Por fim destacam-se as mudanças sociais que por sua vez, tem a ver com a forma como os adolescentes vêem o mundo social, onde têm mais capacidades para pensar sobre possibilidades, para auto-análise das suas cognições e para perceber e analisar diferentes perspectivas. Neste contexto, Sprinthall & Collins (1999) citados por Simões (2007), referem que a família tem um papel fundamental no desenvolvimento global do adolescente, pois, esta têm influência na educação, socialização, prestação de cuidados, transmissão de crenças e valores, na saúde e bem estar dos seus elementos. É de realçar que a família é o núcleo na formação da personalidade do indivíduo, pois esta é que entrega o indivíduo à sociedade por forma a adiquirir outros valores para a construção desta mesma personalidade e aprender modos de conduta próprios da sua cultura.

3.Teoria de Erickson
Segundo Erickson (1982) citado por Simões (2007), a adolescência é a fase da vida em que os indivíduos devem estabelecer um sentido de identidade pessoal. Este desafio de construção de identidade pessoal, mais conhecido por crise de identidade, é fruto do desenvolvimento biológico, de expectativas culturais e pressões sociais. A identidade não surge espontaneamente com a maturação, tem de ser procurada e estabelecida através de um esforço pessoal. Para Erickson, a identidade só pode ser encontrada através da interacção com os outros e nesta fase da vida assumem uma importância especial os amigos e os grupos de pares. As relações que se estabelecm a este nivel são fundamentais no encontro da sua identidade pessoal, na medida em que dão oportunidades de experimentar papeis e oferecem em simultâneo uma apreciação do desempenho. O adolescente passa assim, por um periodo de uma maior necessidade de reconhecimento pelo grupo de pares e por um envolvimento quase compulsivo por este grupo. Esta ligação com os pares vem criar uma nova dependência que substitui a dos pais, porém esta nova dependência precisa ser quebrada para que o jovem se encontre e atinja uma identidade madura. A aquisição de uma identidade pessoal permite ao jovem adulto ter autonomia, iniciativa e confiança nas suas decisões.
Tendo em conta a teoria de Erickon, durante a adolescência pode-se verificar a crise de identidade, conflito este que pode acontecer, por exemplo com os adolescentes das sociedades actuais ou modernas, pois tem a sua frente um grande rol de possibilidades, vive conflitos afectivos, sociais, morais por ter de escolher numa sociedade onde as opções são muitas em detrimento dos adolescentes do campo que são impostos normas, regras e valores e devem seguí-las.
Segundo Lepre (s/a) o periodo da adolescência é marcado por divesrsos factores,porém sem dúvida o mais importante é a tomada de consciência de um novo espaço no mundo; a entrada em uma nova realidade que pode produzir confusão de conceitos, perda de referência, na medida em que o adolescente procura buscar o seu “eu”, nos outros na trentativa de obter uma identidade para o seu ego o que Erickson chama por crise de identidade que pode acaretar angústia, passividade ou revolta, dificuldade de relacionamento inter e intrapessoal e por vezes conflitos de valores. Daí que nesta fase, os adolesecentes podem tornar-se mais vulneráveis a contrair doenças causadas por distúrbios alimentares (Anemia, anorexia e bulimia nervosa), consumo abusivo do álcool, doenças sexualmente transmissíveis (DTS) e gravidez precoce, pois, esta confusão de identidade fará com que os adolescentes partam em busca de identificações encontrando noutros indivíduos “iguais” e formando seus grupos pela necessidade que tem de dividir suas angústias, padronizar suas atitudes e ideias, facto este que faz do grupo um lugar previlegiado, pois, nele há uniformidade de comportamento, de pensamento e hábitos.
Lepre (s/a) refere ainda que com o tempo algumas atitudes são internalizadas, outras não, algumas são construidas e os adolescentes paulatinamente percebem-se portadores de uma identidade que sem dúvida foi social e pessoalmente construída.
Desta forma, a crise de identidade é um conflito a ser solucionado e a mesma só pode terminar quando a identidade tiver sido encontrada, pois, muitos dos problemas de comportamento que os jovens apresentam podem ser nada mais do que reflexos duma identidade mal resolvida.

4. A Adolescência em África
Sendo a “adolescência um período de grandes mudanças físicas, sociais, emocionais, fisiológicas e psicológicas caracterizadas por uma procura e consolidação da identidade”. Mwamwenda (2005) este conceito constitui ponto de concordância para os autores clássicos e contemporâneos relativamente as transformações que os adolescentes experimentam e de divergência no que diz respeito às idades tanto do início assim como do término do mesmo.
Uma das tranformações experimentadas pelas raparigas é a mestruação. No entanto, na perspectiva de Grief & Ulman (1983) citados por Mwamwenda (2005) o aparecimento súbido da menstruação pode ser um acontecimento traumático principalmente para as raparigas que se encontram totalmente alheias a sua existência. Estes choques traumáticos devem-se ao facto de em muitas escolas africanas não se tomarem medidas de liderança para que a educação sexual seja uma possibilidade para fornecer aos adolescentes as informações necessárias que os seus pais tem alguma relutância em transmitir devido ao secretismo envolvente das questões relacionadas com os órgãos genitais e com o sexo em geral.


4.1 Efeitos psicológicos das mudanças físicas
Segundo Mwamwenda (2005) enquanto psicólogos é necessário olharmos para o auto-conceito e comportamento sexual relacionado com as mudanças experimentadas pelos rapazes e raparigas. Não é fácil para os adolescentes aceitarem as mudanças que experimentam, pois, à medida que atingem maturidade sexual um grande número de adolescentes fica insatisfeito com a sua aparência física apesar de outros ficarem felizes.
A forma como os outros membros da família e os seus pares vêem as mudanças físicas que eles estão experimentando jogam um papel importante na forma como o próprio adolescente se percepciona, deste modo, se a sua atitude for positiva irá contribuir para um auto-conceito positivo mas se for negativa contribuirá para um auto conceito negativo.
Os adolescentes formam atitudes na base daquilo que lhes é dito sobre eles próprios. Por exemplo, um rapaz que é dito ser fraco ou feio pode acreditar, mesmo que seja um indivíduo forte e atraente mesmo que existem evidências do contrário. Isto para dizer que a auto estima do adolescente será mais elevada se ele estiver ao nível das expectativas culturais, de habilidades e aparência física.
4.2 Maturação precoce e tardia
Segundo Mwamwenda (2005) existem mudanças precoces, normais e tardias e, em resultado disso, também há diferenças nas implicações sociais, intelectuais e psicológicas dessas mudanças. Os rapazes que amadurecem mais cedo geralmente podem: desenvolver maior confiança do que os adolescentes que maturam tardiamente; ser mais populares e avançados em termos de socialização; ter um papel de liderança na turma da escola, no desporto e na gestão de assuntos dos alunos; descobrir que os seus conselhos são seguidos pelos seus pares assim como por crianças mais pequenas; Sentir-se bem consigo próprios e com a sua imagem; ser fisicamente mais pesados, mais altos e mais musculosos; ser populares entre os seus pares, mostrar mais interesse nas raparigas; ser mais sociáveis e bons para identificar o que querem em termos vocacionais.
Os rapazes que amadurecem mais tarde, geralmente podem ser: ansiosos em relação à sua apresentação física; preocupados com o seu desenvolvimento físico mais lento; frustrados, achando difícil atrair a atenção dos outros o que os pode forçar a encontrar outras formas de chamar a atenção como serem muito faladores, mandões ou descuidados fisicamente. Contudo, Winzer (1995) citado por Mwamwenda (2005) salienta que existem aspectos positivos na maturação tardia, na vida adulta desses adolescentes como: ter tendência a ser mais criativos, tolerantes, flexíveis e preceptivos.
As raparigas que amadurecem mais cedo têm tendência a sentir embaraço e desconforto em resultado do seu peito desenvolvido e recente crescimento da altura. Sentem-se pouco a vontade para falar dessas mudanças com os seus pares e, nalguns casos, isolam-se do resto do grupo. As raparigas que atingem a maturidade mais cedo, muitas vezes, têm má postura, usam t-shirts largas e tornam-se envergonhadas e reservadas de forma a evitar o reconhecimento às mudanças e alterações do corpo, junto dos seus pares. Portanto, a rapariga que amadurece precocemente não é valorizada; elas isolam-se por serem uma minoria com maior altura e maturidade; porque são maiores em tamanho, as outras raparigas, muitas vezes não escolhem a sua companhia; os pais permitem-lhes mais liberdade; tem amigos mais velhos e namoram rapazes mais velhos.
Segundo Mwamwenda (2005), as implicações da maturação precoce ou tardia nos adolescentes não são universais, antes tendem a variar de uma cultura para a outra. Por exemplo, não existe evidência conhecida de que a maturação precoce entre as raparigas africanas possa ser considerada uma desvantagem, antes pelo contrário, traz-lhes respeito e prestígio.
4.3 Desenvolvimento social
Segundo Biehler & Snowman (1986) citado por Mwamwenda (2005), tanto os pais como os amigos influenciam o comportamento dos adolescentes na medida em que os pais tem maior influência em termos de matérias prolongadas no tempo como os valores, o desenvolvimento moral, as escolhas ocupacionais e a forma de pensamento político, enquanto que os amigos e pares têm maior influência no comportamento que se relaciona com o estatuto imediato do adolescente como o vestuário, o penteado, interesses e relações sociais.
Relativamente à sexualidade, Mwamwenda (2005), refere que os adolescentes podem experimentar fortes impulsos sexuais e consequente desejo de praticar a relação sexual por vezes sem nenhuma protecção, o que pode causar uma gravidez não planeada e indesejada reduzindo em algumas sociedades a possibilidade dessas raparigas chegarem a casar uma vez que a gravidez indesejada é tida como um estigma social.


5. A Adolescência em Moçambique
Moçambique é um país constituido por uma diversidade cultural onde em cada uma delas estão incutidos hábitos, valores, crenças e normas que diferem-as umas das outras. Um dos fenómenos marcantes da adolescência é o rito de iniciação que desde os tempos remotos vem sendo praticado, apesar de em algumas culturas moçambicanas como a cultura tsonga esta ter entrado em desuso. Em algumas regiões do norte do país essa prática ainda prevalence. Por exemplo, em Nampula, Miguel (2007) refere que a primeira menstruação é anunciada através do toque dos tambores e festejada. A rapariga passa pelo rito de iniciação que é um espaço educativo para a transição da infância para a fase adulta, onde geralmente as madrinhas ou conselheiras, ensinam as raparigas a serem mulheres, isto é, elas instruem sobre sexualidade, higiene e o papel da mulher, o que tem influência directa na sua saúde sexual incluindo a transmissão do HIV. Neste processo, as raparigas passam a entender as mudanças no seu corpo e na sua psique, e aprendem seus papéis tradicionais na área doméstica, reprodutiva e comunitária, desde a participação nos funerais até os métodos tradicionais de controlo da fertilidade. No ritual, as raparigas aprendem como respeitar o marido, reforçam sobre os papéis tradicionais de submissão aos homens e a hierarquia familiar, lavar a roupa, respeitar os seus húmus ou chefes do clã e ensinam as jovens como comportar-se quando estão menstruadas. Por exemplo, uma peneira de cabeça para baixo no quarto avisa ao marido que a esposa está com menstruação e não pode ter relação sexual para não ter problemas na bexiga.

Segundo Dalcim (2007), principalmente nas zonas rurais, existe uma grande dificuldade em localizar o povo moçambicano dentro da fase de adolescência e juventude. O que acontece é um salto de criança para adulto. As crianças são forçadas a fazerem uma passagem imediata da infância para o mundo dos adultos. E isso se deve muito à questão cultural.
Por exemplo na cultura do povo Macua, a passagem da criança para a adolescência é rapidamente comemorada pelo Rito de Iniciação para se tornarem adultos. Estes ritos, são distintos porém com um mesmo objectivo, tornar a criança uma pessoa adulta, preparando-a para o casamento e para a vida familiar e social. No caso dos rapazes lhes é ensinado qual o seu papel dentro da sociedade segundo a cultura Macua e qual o seu papel como homens no casamento, como devem se relacionar com a mulher, quais os seus direitos e deveres. O mesmo acontece em relação às meninas, nos Ritos de Iniciação elas aprendem qual o papel que a mulher tem dentro da cultura Macua, quais os seus deveres como esposa e o que elas devem fazer para “agradar o seu dono” (marido). Quem não passar por esses ritos, nunca deixa de ser criança. Quem já passou, mesmo que ainda tenha 10 anos já é adulto e deve comportar-se como tal.
A idade para a criança iniciar os ritos varia entre 7, 8 à 12 anos para os meninos, para as meninas deve ser logo após a primeira menstruação. Ao concluírem os ritos de iniciação, tanto o homem como a mulher, já estão preparados para casar e o devem fazer o quanto antes. Às meninas, em alguns casos, no dia em que os ritos de iniciação acabam, lhes é apresentado o futuro marido. Aquele tempo de namoro, para os dois se conhecerem melhor antes do casamento, praticamente não existe.
Na cidade já aparecem muitos sinais fortes da presença de outras culturas que aos poucos vão entrando na vida do povo e mudando a maneira de pensar e de viver das pessoas. Os primeiros a se abrirem a essas mudanças são os jovens, principalmente os que estudam, já que começam a questionar alguns costumes presentes em sua cultura. Estes vão se dando conta que há outras formas de viver e de se relacionar, que o casamento pode esperar um pouco mais, sem desrespeitar os costumes e a cultura. Deste modo, nas cidades ou nos meios sociais onde há certa influência urbana já se percebe a existência de uma outra fase da vida que se distingue da fase da infância e da fase adulta, que é a fase da adolescência e juventude.






6. Conclusão
A adolescência é uma fase de grandes mudanças a níveis: físico, psicológico, emocional e social que é caracterizado por um crescimento acelerado em termos de peso e altura, por rapazes e raparigas em tempos diferentes. Onde as raparigas experimentam mudanças e crescimento rápido dois anos mais cedo que os rapazes. No entanto, esta fase caracteriza-se também pela construção de identidade social, pois, é na relação com o meio que os indivíduos constrõem tanto a sua identidade como a sua inteligência, emoções, seus medos, sua personalidade. Portanto, apesar de alguns traços serem desenvolvidos e serem comuns em todos adolescentes independentemente do meio e da cultura em que estejam inseridos (como é o caso do aparecimento dos pêlos púbicos), há determinadas caracteristicas do desenvolvimento que se diferem em grande escala quando há diferenças culturais. Daí que a construção da identidade depende da cultura e da sociedade onde o indivíduo está inserido.
Deste modo, em Moçambique o aparecimento da maturidade sexual os adolescentes passam pelo rito de iniciação que é um espaço educativo onde são instruidos sobre a sexualidade, higiene, aprendem como respeitar o marido/mulher. Duma forma geral, neste espaço educativo os rapazes aprendem a ser homens e as raparigas apredem os papéis tradicionais de submissão aos homens e a hierarquia familiar, o que faz com que as raparigas se sintam mulheres prontas para iniciar a vida sexual, o que pode levá-las a desistência escolar, casamento, gravidez precoce e infecção por doenças sexualmente transmissíveis.







7. Referências bibliográficas
Dalcim, M. (2007). A Juventude em Moçambique. In http://www.forumdaigrejacatolica.org.br/artigos/Ajuventudeemmocambique.pdf. acessado em 17/04/10 às 7h.
Lepre, R. (s/a). Adolescência e construção de identidade. in http://www.psicologia.org.br/intencional/pscl36.htm acessado em 26/05/10 as 19:00h.
Kimbanda, R. (2006). Excisão como Iniciação Sexual e Religiosa em Mulheres
Negro-Bantu. In www.pucsp.br/rever/rv1_2006/p_kimbanda.pdf - acessado em 20–04–10 às 20:00h.

Marchesine, S. (s/a). Anorexia Nervosa e Bulimia. In http://www.gastronet.com.br/anorexia.htm acessado em 20/04/10 às 15:33h.
Miguel, A. (2007). Moçambique: Ritos de iniciação feminina, uma rica tradição que procura adaptar-se aos tempos do HIV. In http://www.agenciaaids.com.br/noticias-resultado.asp?Codigo=7565 acessado em 16/04/10 às 20h.
Papalia, D. & Oldo, S. (1998). O mundo da criança: da infância à adolescência. (2ªed). São Paulo: Markon Books.
Pereira, E. (2004). Adolescência: um jeito de fazer - Revista da UFG. in www.proec.ufg.br/revista_ufg/.../adoles.html acessado em 15/04/10 as 18:00h
Serra, A. (2001) . Saúde e nutrição na adolescência: o discurso sobre dietas na Revista Capricho. In www.adolescencia.org.br/empower/website/pdf/adoles.pdf acessado em 27–05–10 às 10:00h.

Sprinthall, N. (1994). Psicologia do adolescente: uma abordagem desenvolvimentista. (2ªed). Lisboa


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