1. Introdução
O presente trabalho é produto das palestras apresentadas
no âmbito do Workshop. Com esse estudo, se pretende descrever as
características da avaliação de desempenho. Tratando – se de um instrumento que
leva a organização ao desenvolvimento, é importante que a organização encontre
dispositivos de avaliação mais efectivos que gerem resultados amplos e
duradouros para a instituição e para a própria pessoa, de acordo com os objectivos
organizacionais.
Deste modo, surge a avaliação de desempenho que destina –
se a mensurar o desempenho e o potencial do funcionário, tratando-se de uma
avaliação sistemática, feita pelos supervisores ou outros hierarquicamente
superiores familiarizados com as rotinas e demandas do trabalho.
Diante do
cenário actual o aumento da competitividade faz com que as empresas busquem constante
inovação em seus processos utilizando-se de novas metodologias, como
ferramentas de melhoria de produção e de qualidade de serviços prestados aos
seus clientes, objectivando alcançar a excelência em seu empreendimento.
1.1. Contextualização
A premissa básica é a de que o funcionário sabe ou pode
aprender – a identificar as suas próprias competências, necessidades, pontos
fortes, pontos fracos e metas. Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o
que é melhor para si. Para Vroom, ( 1997) o primeiro passo nesta nova abordagem
consiste na reformulação do papel dos funcionários no sistema de avaliação. Tendências
actuais apontam para a necessidade de mudanças nos parâmetros das avaliações,
onde o mais importante a ser considerado é entendermos que a apreciação de um
facto sofre sempre influência dos valores e crenças de quem julga.
No modelo de Gestão por Competência a avaliação é apenas
uma ferramenta que auxilia o funcionário a clarear para si mesmo e para a
organização, quais as competências que possui e quais deverá desenvolver ou
incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado com as competências
essenciais da própria organização. O papel dos superiores e da área de gestão,
passa a ser o de ajudar o funcionário a relacionar o seu desempenho às
necessidades e à realidade da organização. Na maior parte das vezes, é a
percepção do gerente sobre o funcionário que define a competência do mesmo.
2. Discussão dos
Temas Abordados
2.1. Justificativa
Para além do tema em análise, foram
ministrados vários temas em forma de palestras, que em seguida se apresentam:
- Paradigmas, métodos e técnicas de investigação e avaliação em psicologia; Desenvolvimento pessoal; Atendimento a criança com síndrome de Dawn; O psicólogo nas organizações; Sistemas de Gestão de Desempenho na administração pública; Diagnostico i intervenção multidisciplinar na síndrome de Anzekman; Qualidade de vida de famílias de crianças portadoras de síndrome de Dawn; Perspectivas das mães; e Avaliação de Desempenho.
Deste modo, a escolha do tema centrou – se na
importância que a avaliação de desempenho tem para o desenvolvimento das
organizações
3.
Avaliação de Desempenho
Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação de
desempenho do indivíduo no cargo e do seu potencial de desenvolvimento e
através da avaliação podem ser observadas e avaliadas competências como: visão
estratégica, planeamento, organização, responsabilidade, acompanhamento,
liderança, delegação, tomada de decisão, solução de problemas, iniciativa,
proactividade, criatividade e inovação, orientação a resultados,
auto-desenvolvimento, administração de conflitos, capacidade de negociação,
flexibilidade e adaptação a mudanças, competências interpessoais e trabalho em
equipa. Avaliação de desempenho é a apreciação sistemática de um subordinado
segundo um trabalho feito, suas aptidões e outras qualidades necessárias à boa
execução do seu trabalho.
Esta ligada, frequentemente, mas não necessariamente, as
vantagens financeiras a título de encorajamento. Deste modo, compete aos
avaliadores:
ü
Definir
objectivos dos seus funcionários;
ü
Avaliar
anualmente os seus funcionários directos;
ü
Garantir
o cumprimento do calendário de avaliação;
ü
Contribuir
para a harmonização e equilíbrio do sistema de avaliação e estímulo do mérito;
ü
Promover
e realizar a entrevista de apreciação anual de desempenho;
2.4.
Características e Objectivos da Avaliação de Desempenho
Competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades,
atitudes e comportamentos manifestados no desempenho em determinadas
actividades por meio de acções observáveis pelos outros; pode-se dizer que é o
conjunto de três variáveis: Saber fazer: são os conhecimentos, habilidades e
atitudes necessários para realizar um determinado trabalho; querer fazer:
envolve as motivações, as iniciativas pessoais e a vontade de realizar um
determinado trabalho; poder fazer: são os recursos necessários para realizar um
determinado trabalho e a autonomia para fazer. Dentre os vários objectivos, a
Avaliação de Desempenho cumpre os seguintes objectivos:
i.
Desenvolver
uma cultura de gestão orientada para resultados com base em objectivos
previamente estabelecidos;
ii.
Mobilizar
os funcionários em torno da missão essencial do serviço, orientando a sua
actividade em função de objectivos claros e critérios de avaliação
transparentes;
iii.
Reconhecer
o mérito, assegurando a diferenciação e valorização dos diversos níveis de
desempenho;
iv.
Promover
a comunicação eficaz entre hierarquias, estabelecendo como instrumentos
essenciais no processo de avaliação do desempenho a entrevista anual e a autoavaliação.
Erros
da Avaliação de Desempenho
Na avaliação de desempenho devem ser evitados os
seguintes erros
ü
Efeito de Hallo
Tendência para que a opinião global sobre o avaliado
influencie a apreciação pontual em cada atributo. Deve considerar-se cada
atributo independentemente dos outros, partindo do princípio que o avaliado
pode ser bom num aspecto e menos bom noutro aspecto.
ü
Efeito de Semelhança
Tendência para sobrevalorizar os comportamentos que mais
se identificam com as concepções ou com os padrões de comportamento do
avaliador. O que está em causa não é a pessoa do colaborador mas o trabalho e o
modo como este o produziu.
ü
Tendência Central
A atracção pelos pontos médios. Para que a ficha de
avaliação atinja os objectivos propostos é necessário que se identifiquem
claramente os aspectos positivos e negativos do avaliado;
ü
Fuga ao Conflito
Com o objectivo de não despoletar possíveis reacções
adversas por parte do avaliado, o avaliador tende a sobrevalorizar os níveis
reais de desempenho apresentado pelo colaborador.
ü
Proximidade Temporal
Tendência para sobrevalorizar, negativamente ou
positivamente, os comportamentos observados mais perto do fim do período a que
se reporta a avaliação. Para evitar este tipo de erro deve-se documentar as apreciações.
Além disso, há o erro de julgamento, que é uma das causas
frequentes da subjectividade da avaliação, pode existir um erro constante, em
que o avaliador tende a avaliar exageradamente alto ou exageradamente baixo, ou
ainda a classificar todos os colaboradores de igual forma, pode dar-se um erro
de viés, em que uma característica do colaborador, por ser avaliada demasiado
alta, influência a apreciação global.
Qualquer avaliação fundamentada em factores
comportamentais é essencialmente subjectiva. Portanto dois avaliadores poderão
ter percepções diferentes sobre a actuação de um mesmo funcionário. Para termos
um resultado eficaz na aplicação do processo de avaliação, é necessário que
todos estejam envolvidos e, principalmente, comprometidos, de modo que não se
estabeleça uma perspectiva única e exclusiva de promoções.
Muitas das metodologias de avaliação evidenciam pouca
objectividade, provocando efeitos negativos. A subjectividade do processo pode
ser atribuída a várias causas: julgamento, avaliadores, processa, política da
organização e inflexibilidade do método. O julgamento não meditado por parte do
avaliador, provocado por pressa, aversão à discriminação, ou outros motivos,
penaliza os colaboradores injustamente avaliados. E pode ocorrer o erro de
prestígio, em que o avaliador tende a dar importância a determinadas
características, fugindo ao peso dos parâmetros estabelecidos. Também pode
ocorrer ambiguidade na avaliação provocada por falta de informação ou
informação errónea sobre os colaboradores.
Nem sempre o avaliador está presente para observar o
comportamento dos colaboradores, facto que pode provocar uma desigualdade
injusta de avaliações. O método para medir o desempenho pode não ser adequado,
os parâmetros especificados podem não estar de acordo com o que se espera do
trabalhador, e a falta de feedback deixa o colaborador sem noção do que se
espera dele.
4.4.2.
Avaliação Inicial e Análise da Avaliação de Desempenho
A avaliação inicial consiste no preenchimento da ficha de
avaliação do desempenho antes do conhecimento da avaliação pelo avaliado. A
avaliação prévia traduz-se na apreciação preliminar do desempenho do avaliado,
devendo o avaliador procurar ser objectivo na atribuição dos níveis da escala
ao funcionário, e identificar factos e resultados obtidos pelo avaliado ao
longo do ano, no sentido de suportar e sustentar a avaliação.
5.
Tipos de Avaliação de Desempenhos
Desde sempre, compete aos superiores avaliarem os seus
subordinados, estando a avaliação sujeita a correcções posteriores para que os
resultados finais sejam compatíveis com a política de promoções. A seguir
apresentamos alguns dos métodos tradicionalmente utilizados para avaliar desempenho.
A a avaliação de desempenho, muitas vezes, pode servir de base às políticas de
promoção das organizações, é efectuado periodicamente, normalmente com carácter
anual, e consiste na análise objectiva do comportamento do avaliado no seu
trabalho, e posterior na comunicação dos resultados.
i.
Análise Global
O especialista vai a cada sessão para entrevistar a
chefia sobre o desempenho dos seus respectivos subordinados. Para reduzir o
efeito do enviesamento derivado da percepção dos avaliadores a avaliação pode
ser feita pelo superior, com assessoria de um especialista em avaliação de desempenho.
ii.
Incidentes Críticos
Baseia-se no facto de que no comportamento humano,
existem certas características extremas, capazes de levar a resultados
positivos. Uma técnica sistemática, por meio da qual o supervisor imediato
observa e regista os factos excepcionalmente positivos e os factos
excepcionalmente negativos a respeito do desempenho dos seus subordinados.
iii.
Auto-Avaliação
A autoavaliação é a apreciação que o funcionário faz do
seu próprio desempenho de acordo com as mesmas referências que o avaliador tem
– objectivos, metas, comportamentos, ponderações, etc. Deste modo, a Avaliação
de Desempenho tem os seguintes princípios:
ü
A
autoavaliação deve referir os aspectos positivos e as necessidades de melhoria
ao nível dos objectivos individuais definidos;
ü
A
autoavaliação deve identificar os pontos fortes e as necessidades de
desenvolvimento ao nível das competências individuais;
ü
A
autoavaliação deve apontar as principais necessidades e acções de formação.
iv.
Método Comparativo
Consiste em comparar dois a dois empregados de cada vez,
e anota-se na coluna da direita, aquele que é considerado melhor, quanto ao desempenho.
Pode-se utilizar factores de avaliação. Assim, cada folha do formulário seria
ocupada por um factor de avaliação de desempenho.
O colaborador deve estar motivado para apresentar planos,
propor correcções e sugerir novas ideias. Em contrapartida o gestor deve
comunicar o seu agrado (ou desagrado) perante os resultados alcançados e propor
também correcções. A avaliação por objectivos, neste método de avaliação o
gestor e o colaborador negoceiam os objectivos a alcançar durante um período de
tempo. Os objectivos devem ser específicos, mensuráveis e estar alinhados aos
objectivos da organização. Periodicamente o gestor e o colaborador devem-se
reunir e discutir o nível de desempenho, podendo ser renegociados os
objectivos. A avaliação vai assim tomando forma através da análise do
desempenho do colaborador.
O gestor nunca deve ter em conta aspectos que não estavam
previstos nos objectivos, ou que não tivessem sido comunicados ao colaborador.
O desempenho deve estar, contudo, limitado aos objectivos
negociados. Deve ser permitido ao colaborador apresentar a sua autoavaliação e
discuti-la com o gestor.
IV. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
4.1. Conclusão
Os avaliadores deverão levar em consideração o desempenho
das equipes e dos indivíduos no que se refere ao comprometimento de ambos,
quanto à actuação e à contribuição, para atingir os resultados esperados. O
avaliador deve utilizar com equilíbrio e justiça toda a escala de avaliação,
tendo em conta que os níveis extremos se aplicam realmente a situações
excepcionais, deste modo, deve – se garantir que o sistema de avaliação é um
instrumento activo para evidenciar o mérito e promover a excelência.
A componente do sistema destina-se a permitir uma
apreciação geral da forma como a actividade foi desempenhada pelo funcionário.
Concorre para a vontade pessoal do funcionário para alcançar desempenhos
superiores, incluindo aspectos como o esforço realizado, o interesse e empenho
e a motivação demonstrada no desempenho da função. As habilidades comportamentais
são atitudes relativas a estímulos que reflectem na acção e reacção
comportamental e no desenvolvimento das actividades do indivíduo.
Pretende-se assim valorizar não só os resultados obtidos,
mas também a forma como foram alcançados no sentido de promover as condições
geradoras de níveis elevados de desempenho a médio e longo prazo.
O desempenho será analisado a partir das seguintes
competências e habilidades, competências Técnicas que dizem respeito à
aplicabilidade dos conhecimentos e experiências “específicas” no que se refere ao uso das ferramentas,
materiais, normas, procedimentos e metodologias necessárias para o
desenvolvimento das actividades/serviços e habilidades pessoais que são as
acções do indivíduo, considerando factores de natureza interna, ou seja, aquilo
que é próprio e particular de cada um, e que é um referencial de personalidade,
de modo que seja perceptível pelas atitudes quanto ao envolvimento e
auto-desenvolvimento e que reflectem no desempenho das actividades/serviços.
V. REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Gestores. McGraw-Hill, 1996
[2]Sousa, M. J.; Duarte. T.; Sanches. P. G.; Gomes. J. Gestão
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Lidel – Edições Técnicas, 2006
[3]Santana e Silva, A. M. Avaliação de Desempenho- Uma
Nova abordagem
Metodológica. Lisboa, 1995
[4]Riberolles. A. Evaluer et Evoluer- Vers un nouveau
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Éditions d’organisation, 1992
Sites
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correia, A. D. (2008), A Flexibilidade nas Empresas,
Lisboa, Ed. Sílabo.
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dornelas,
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Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
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