1. Introdução
As transformações
profundas na vivência da sexualidade na adolescência têm propiciado o aumento
da incidência de gravidez. O declínio das taxas de fecundidade desde a década
de 70 parece caminhar contrariamente à crescente incidência de gestação na
adolescência (Camarno, 1998). Esta é considerada em diversos países como sério
problema de saúde pública em virtude do impacto que pode trazer à saúde
materno-fetal e ao bem-estar social e económico de um país (Koniak- Grieffin et
al 2000; Orvos. et al, 1999; Sabrosa et al, 2004).
As equipes de
Estratégias de Saúde da Família tendo como foco a Promoção, Prevenção e
Recuperação da saúde actuam na busca de melhorias, integração da comunidade e
profissionais de saúde, criação de vínculos. Para tal, propõe – se uma nova
configuração para estruturação dos serviços de saúde, promovendo a aproximação
dos profissionais e seu objecto de trabalho, com o compromisso de prestar uma
assistência integral e eficaz.
Assim, solicita -se
uma equipe multiprofissional para actuar nas necessidades de cada localidade,
agindo interdiciplinarmente nos factores determinantes e condicionantes que
interferem no processo saúde-doença. Na área de saúde, a delimitação de
necessidades dos jovens tem se apoiadoem uma definição de adolescência de base
etária (10 aos 19 anos), período que se considera como caracterizado por
grandes transformações físicas, psicológicas e sociais (WHO, 1986).
Frequentemente,
incorre-se em uma naturalização do processo de transição da infância à vida adulta
e, ao mesmo tempo, reitera-se o carácter imaturo e irresponsável dos jovens
(Stern & Garcia, 1999), essa fase é considerada como sendo uma idade
precoce para a mulher ter filhos.
Nesse sentido, este
estudo propõe em primeira instância, subsidiar práticas voltadas aos
adolescentes e alertar os profissionais actuantes nas equipes de saúde da
família sobre as situações configuradas na adolescência, a gravidez entre
adolescentes e reafirmar a importância de parcerias institucionais, tendo
cuidado no tratamento das questões mais complexas. Destaca-se a grande
preocupação em relação a esse contexto e espera-se integrar acções num sistema
de rede os diversos programas já em funcionamento, desenvolvidos pelas
estruturas dos Bairros da cidade de Maputo. Com isso, será possível evitar uma
postura de isolamento, de duplicação de acções e de auto-resolução de problema
e buscar desenvolver ações articuladas, contínuas, coerentes e eficazes dos
profissionais de saúde, em particular aos psicólogois.
1.2. Objetivos
1.2.1. Geral
Oferecer subsídios
para o planeamento de ações voltadas a sexualidade, vida reprodutiva e gravidez
na adolescência nas comunidades do Bairro de Machaquene, arredores da Cidade de
Maputo.
1.2.3.
Específicos:
Descrever aspectos da
adolescência e a sexualidade nessa fase;
Descrever as
variáveis socioculturais que contribuem para gravidez na adolescência;
Contribuir para a
revisão e ampliação dos conhecimentos acerca da gravidez na adolescência.
1.3. Justificativa
Fundamentado na
complexidade do tema, no conhecimento da necessidade de minimizar os agravos
decorrentes das consequências e complicações de uma gravidez não planeada na
adolescência e de reduzir os riscos ás gestantes que são sujeitas a tais
complicações durante a gestação e no parto, optou-se pelo desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, almejando a compreensão e o estudo deste assunto,
percebido como importante desafio para os serviços de saúde pública. O acesso a
este contexto possibilitará ampliação dos conhecimentos relativos às adolescentes
grávidas, visando a conscientização necessária para a diminuição dos casos de
gravidez nesse grupo social. Este estudo torna-se de relevância pessoal, pois a
formação estimula a capacidade do profissional de psicologia na promoção de
acções inovadoras, uma vez que a gravidez na adolescência é um fenómeno de
grande ocorrência nas comunidades da cidade de Maputo o que acarreta inúmeras consequências
psicossociais.
De relevância social,
por ser a gravidez em adolescentes um fenómeno que envolve múltiplos factores
correlacionados inclusive, os riscos de uma gravidez em menores de 20 anos e
suas complicações merecem atenção especial dos psicólogos, cujo conhecimento e
capacidade de detecção de agravos sociais poderão constituir diferencial na
redução de ocorrência de novos casos entre as jovens do Bairro de Machaqueni.
1.4. Metodologia
Trata-se de uma
revisão de literatura, de natureza narrativa, produzida a partir de informaçoes
obtidas nas visitas de estudo no Bairro da Machaquene. Também foram pesquisados
sites estatísticos do governo de Moçambique e outras publicações científicas.
Os critérios de inclusão dos estudos encontrados e seleção dos artigos
ocorreram da forma pela qual se relacionavam ao foco da pesquisa como: a
abordagem sobre a adolescência, variáveis relacionadas a sexualidade na
adolescência e aspectos referentes a gravidez na adolescência.
A busca nos sites e
fontes consultadas permitiu a organização por meio da leitura, análise dos
conteúdos selecionados e agrupamento segundo a semelhança da abordagem
referenciada. Assim, foram selecionados dentro da literatura especializada, os
trabalhos que atendiam aos critérios de inclusão. Foi realizada uma análise
sobre a adolescência, a sexualidade, e a gravidez na adolescência que permitiu
a proposição de subsídios para o planeamento de acções voltadas a atenção
básica e saúde pública a fim de reduzir o elevado índice de gravidez na
adolescência.
2. Revisao da
Literatura
2.1. Adolescência
e Sexualidade: Aspectos Gerais
Hercowitz (2002),
relata que a adolescência é a fase de transição entre a infância e a idade
adulta, quando o desenvolvimento da sexualidade reveste-se de fundamental
importância para o crescimento do indivíduo em direcção à sua identidade
adulta, determinando sua auto-estima, relações afectivas e inserção na
estrutura social.
De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência compreende um período entre
os 11 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas
advindas da maturação fisiológica (Kahhale, 1997). Muuss (1976) enfatizou a
adolescência como um período de transição em que o indivíduo vive uma situação
marginal, na qual novos ajustamentos devem ser feitos entre o comportamento de
criança e o comportamento do adulto.
Quanto a essa
definição de adolescência, é possível acreditar que não existe uma definição
consensual, visto que toda definição é adquirida culturalmente e deve ser
levado em consideração o contexto em que a pessoa está inserida, desta forma os
autores divergem quanto à definição do que vem a ser a adolescência e a faixa
etária que a delimita. (Muuss, 1976).
Em Moçambique a
adolescência possui diferentes configurações, pois depende daclasse social em
que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é entendida
como um período de experimentação sem grandes consequências emocionais,
económicas e sociais; o adolescente não assume responsabilidades, pois
dedica-se apenas aos estudos, sendo essa a sua via de acesso ao mundo adulto.
Enquanto nas classes
mais baixas, que representam aproximadamente 70 milhões de adolescentes com
menos de 18 anos, os riscos do experimentar, tentar, viver novas experiências
são maiores e não há a possibilidade de se dedicar somente aos estudos, tornando
a adolescência simplesmente, um período que antecederá a constituição da
própria família (Kahhale et al, 1997; Pereiar, 1996).
O sexo é uma função
natural que existe desde o nascimento e varia de intensidade segundo o ciclo
vital. A sexualidade representa uma característica humana, sendo complexa e
diversa das diferentes formas de manifestação individual e social (Morreira et
al, 2008). Essa alteração das emoções no adolescente pode ser explicada através
dom papel do ambiente em sua vida, ou seja, seus comportamentos podem ser fruto
de uma interação com um ambiente punitivo que não possibilita o aumento e a
adequação do seu repertório comportamental. Muitos destes comportamentos são
esquivas de um ambiente aversivo.
A fase da
adolescência é mercada pela turbulência, apontada por vários autores como um
período de intensas mudanças físicas, sexuais, psicológicas e sociais. É o
momento em que a jovem busca formar a sua própria identidade, testando os
valores e costumes aprendidos. Em geral, a crise de identidade se instaura no
adolescente no momento em que ele busca encontrar sua própria resposta e
motivações para a vida, procurando compreender o que é e o que quer (Benute
& Galletta, 2002).
As modificações no
padrão de comportamento dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade,
exigem atenção cuidadosa por parte dos profissionais, devido a suas
repercussões, entre elas a gravidez precoce (Herowitz, 2002).
2.2. Variáveis
Socioculturais no Universo da Gravidez na Adolescência
Muitos estudos ao
longo dos anos abordaram o fenómeno da gravidez entre adolescentes em
diferentes populações. Henshaw (1997), observou que os maiores índices de
gestação na adolescência recaíam preferencialmente sobre a parcela negra da
população (duas a três vezes maior do que entre as brancas), na qual predomina
o nível sócio-económico baixo.
Bennett et al.
(1997,) destacaram que a ocorrência de gravidez dos 15 aos 19 anos de idade é
maior na zona rural do que nas áreas metropolitanas, onde, de uma forma geral,
há mais acesso à educação e à informação. Singh (1998), de maneira semelhante,
concluiu, em seu artigo, que níveis educacionais mais altos estão associados a
menores índices de gestação na adolescência. Barnet et al. (2004), relataram
que gravidez na adolescência estava associada com o aumento na taxa de evasão
escolar e que isso aumentaria a probabilidade de persistirem as diferenças
econômicas e sociais.
O nível económico
parece ser um factor quase determinante para a ocorrência da gravidez, é nas
classes económicas menos favorecidas que há uma elevada incidência de
adolescentes grávidas devido ao abandono e promiscuidade dessa população, maior
desinformação e menor acesso aos métodos anticoncepcionais (Barnet et al.,2004)
Múltiplas causas
foram sendo apontadas pelos estudiosos no decorrer dos anos, na abordagem da
gravidez na adolescência. Duarte (1997), relata que a gravidez na adolescência
não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar
dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia.
Conforme Persona et
al. (2004), mais da metade das adolescentes engravidam por outras causas que
não o desejo pela maternidade em si. Engravidar para não perder o namorado,
para sair da casa dos pais e evitar o clima familiar desagradável, para afirmar
sua feminilidade através da fertilidade, para encontrar nos cuidados com o
filho um objectivo para sua vida, para aplacar a solidão na companhia do filho,
dentre outros, por uma vida tortuosa, a tentativa de preencher um vazio
interior.
Costa (1998), relata
sobre a criança de hoje, que é bastante precoce nas questões da sexualidade,
por meio de sua curiosidade em querer conhecer como se formam os bebés e como
ocorre a intimidade sexual. Há muitos casos onde as crianças com idade a partir
de seis anos, que já desejam olhar revistas de mulheres nuas. Nesta esfera
encontra-se a liberação sexual vivida atualmente, a qual contribui para o
aumento do número de adolescentes grávidas.
Algumas pesquisas
apontam que a maioria das adolescentes que engravidam são filhas de mães que
também engravidaram durante a adolescência. Um fenómeno psicológico
(inconsciente) de repetição da história materna, podendo ser a gravidez uma
tentativa de reconciliação entre mãe e filha (Correa & Coates, 1991).
Além dos fatores
biológicos, a literatura correlacta recente acrescenta que a gravidez
adolescente também apresenta repercussões no âmbito psicológico, sociocultural
e económico, que afectam a jovem, a família e a sociedade. (Santos & Silva,
2000).
De acordo com Wong
& Melo (1987), a crescente tendência da liberação do comportamento social,
especificamente, o sexual, contribui para o aumento da gravidez na
adolescência, devido à falta de conhecimento do próprio corpo enquanto função
reprodutora, vinda da falta de uma educação esclarecedora tanto no âmbito
familiar como no escolar e social.
A gestação na
adolescência pode identificar carência afectiva, desejo de desafiar a família,
desejo de se tornar adulto. A gravidez tem o potencial de elevar as jovens à
posição de mulheres, conferindo-lhes status de adultas. Nesses meios, a família
ocupa posição central, enquanto a escolaridade e o trabalho tomam posições
periféricas. (Bonetto, 1993).
2.2. A Gravidez na
Adolescência: Implicaçoes
Durante a
adolescência ocorrem mudanças morfofisiológicas e comportamentais oriundas do
efeito dos hormónios que actuam especificamente no homem e na mulher, e
consequente amadurecimento dos órgãos sexuais (Cabral, 1999). Em muitos casos,
o início da vida sexual ocorre sem haver ainda maturação psicológica e física
do adolescente. Nesta fase, as mudanças psicológicas, a busca de identidade e a
curiosidade sexual são acentuadas (Maciel,1983).
Ao examinar alguns
alguns casos, pode – se identificar complicações para a saúde da adolescente e
do bebé. Uma delas, decorrente da imaturidade anatómo-fisiológica, é o baixo
peso ao nascer e a prematuridade do bebé. Mais uma complicação seria a toxemia
gravídica, que aparece nos últimos três meses de gestação e principalmente na
primeira gravidez das jovens podendo ocorrer desde pré-eclâmpsia, eclâmpsia,
convulsão até coma e alto risco de morte da mãe e do bebé.
Segundo Oliveira
(1998), outra complicação pode ocorrer no momento do parto, o qual pode ser
prematuro, demorado, com necessidade de uma operaçao (cesariana) e com risco de
ruptura do colo do útero, e também complicações relacionadas às infecções
urogenitais especialmente decorrentes de parto feito em más condições. Risco de
anemia seria um outro factor, já que naturalmente a adolescente, em fase de
crescimento, necessita de boa alimentação.
A gravidez na
adolescência tem sido alvo de preocupação de técnicos e governantes, não só em
países pobres como Moçambique, mas também nos desenvolvidos. Nos Estados
Unidos, o problema da gravidez precoce tomou tamanha proporção que em 1996, foi
considerada epidêmica. (Montessoro, 1996).
Esse despertar da
sexualidade na adolescência é acompanhado por uma grande leva de desinformação,
os pais, por não disporem de informação ou porconstrangimento de falar sobre
sexo com seus filhos, acabam não cumprindo seu papel de educador. Assim, as
famílias não transmitem a orientação sexual adequada, deixando o jovem em
desvantagem. (Morreira et al., 2008).
Lourenço (1998),
relata que a gravidez é considerada como um desafio à maturidade e à estrutura
da personalidade da mulher, visto que, esta está exposta a diversos conflitos
que requerem, de certa forma, uma resolução, reestruturação e reajustamento aos
vários níveis fisiológicos, sociais e psicológicos. A continuação da gravidez
entre adolescentes pode levar à desorganizaçãon familiar, abandono escolar,
afastamento social e do mercado de trabalho, além das questões emocionais.
2.3. Intervenção
Comunitária para a Saúde Sexual – Reprodutiva dos Adolescentes
Coloca – se a
necessidade de oferecer todo tipo de informação necessária aos adolescentes,
bem como uma disponibilidade, por parte dos profissionais, governantes e da
sociedade, para escutar as opinioes dos adolescente. Esta postura deve
desconsiderar regras pré-estabelecidas de comportamento e deve promover um
esforço no sentido de criar, juntamente com os tais adolescentes, padrões que
se adequem à realidade e à singularidade de cada situação (Cerqueira, 1996).
Bernardes
& Luz (1978), enfatiza que a maternidade representa um fardo pesado para as
adolescentes, com isso, para tentar superar esse sofrimento, a mãe adolescente
necessita de uma rede de apoio. Esta deve incluir não apenas seu
companheiro/marido, pessoas da família, mas, sobretudo, políticas públicas e
equipamentos sociais que criem condições para que o cuidado e a educação da
criança não signifiquem uma tarefa social assumida somente pela mãe, mas uma
tarefa social e colectiva, e para que a vida dessa jovem não fique restrita aos
limites da domesticidade.
Dessa
forma, Luz (1989), considerando a gravidez na adolescência como um problema de
saúde pública e de difícil solução, acredita que seja necessária a
implementação de programas de atenção à saúde dessas jovens, chamando a atenção
para o poder público a fim de estimular e subsidiar programas de saúde ao nível
preventivo para esse grupo etário.
A
promoção da saúde de adolescentes precisa incorporar acções no serviço de saúde
no combate às diversas formas de exclusão e discriminação. Embora estas sejam
questões do âmbito social e cultural, o seu impacto sobre o bem-estar
psicológico e emocional e, inclusive, sobre a dimensão física da saúde pode ser
devastador.
Estudos
têm mostrado a associação entre um cuidado pré-natal adequado e um melhor
resultado na gestação e no parto, seja em mulheres adolescentes ou mais
maduras. Porém, tem sido observado que as gestantes adolescentes frequentam
menos as consultas no período pré-natal ou iniciam mais tardiamente esse
acompanhamento. Esse fenómeno exige dos profissionais que actuam na saúde, uma
posição de mudança na forma de abordagem desse grupo social, pois cabe ao
profissional informar, orientar quanto ao uso de métodos contraceptivos e dos
cuidados na gestação.
Segundo
Moreira et al. (2008), na atenção básica pode-se realizar palestras dirigidas aos
adolescentes, utilizando recursos didáticos que os sensibilizem para o uso de
métodos contraceptivos. Deve-se também sensibilizar a equipe multiprofissional
para o trabalho com adolescentes, incentivando seu maior empenhonos programas
de assistência a esse grupo; e, desenvolver o trabalho com grupos de
adolescentes a partir das necessidades apontadas por eles para que sejam atores
ativos nesse processo, o que contribuirá na sua formação para a vida e o mundo.
Deve
haver uma capaciatacao para o desenvolvimento continuo de acções de promoção da
saúde junto a esta população, no que pesam as intervenções educativas
realizadas pelo enfermeiro no cenário da saúde. Portanto, uma adequada política
de planeamento familiar envolve a actuação educativa direta do profissional de
saúde, mas também um fornecimento regular dos métodos contraceptivos e o acesso
aos serviços de saúde, garantidos através de uma adequada gestão em saúde
(Moura & Silva, 2005).
3. Considerações
Finais
A adolescência se
caracteriza por ser uma fase de grandes e complexas modificações físicas,
sexuais, sociais e principalmente psicológicas. Essas transformações ocorrem em
meia à busca de uma identidade por parte do jovem, tendo para isso, o uso de
valores, hábitos e conhecimentos que são fruto do seu convício social ou vão
sendo adquiridos com o desenvolver dessa fase.
Com essas bases, o
adolescente se torna vulnerável, e dentre as ocorrências típicas dessa idade,
está a gravidez na adolescência. Fase esta, marcada por conflitos de gerações,
ambigüidades de informações e posturas capturadas pelo adolescente, na
tentativa de lidar com as modificações do corpo e seus conflitos interiores, o
sexo assume mais do que o papel natural e vai variando de intensidade de acordo
ao contexto social ao qual se insere.
Vale ressaltar que a
gravidez na adolescência não é algo novo, mas sempre ganha novas configurações,
e merecendo, portanto, uma atenção focada e eficaz por parte dos especialistas
na área da atenção básica, principalmente no contexto da saúde pública. As
acções na adolescência devem ser integradas e fazerem parte de um sistema de
serviços de saúde, que busque acompanhar continuamente os jovens.
As acções continuadas
devem priorizar o prosseguimento dos programas públicos a nível dos
bairros voltados principalmente aos
adolescentes, num protagonismo juvenil, norteando as acções e estabelecendo uma
rede de atenção, ligando serviços que já existem e estabelecendo acções a serem
implantadas e implementadas nos diversos contextos sociais que configuram as
diversas comunidades e a gravidez na adolescência.
É necessário a
construção de alicerces sólidos na rede de atenção à saúde, qualidade da
assistência prestada, educação permanente dos profissionais de saúde, além da
ampliação das práticas voltadas ao público adolescente, com práticas
compartilhadas, não restritas apenas às palestras em escolas, com entrega de
preservativos, como também a captação precoce das adolescentes com atenção
qualificada e diferenciada voltadas as mães adolescentes e não apenas
tratando-as comumente.
A descentralização
dos serviços de saúde a nível dos bairroas pode ajudar a refletir essa forma de
organização, administrando os serviços com a participação da comunidade na
formulação de acções, conferindo prioridade as acções educativas para os
adolescentes, sem abandono das actividades essenciais, na efectivação do
atendimento global e integração operacional de diversos sectores dentro do
programa, sendo pré-condição para a eficácia e a equidade da rede como centro
de coordenação da atenção primária às adolescentes grávidas.
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