ELIAS RICARDO SANDE

ELIAS RICARDO SANDE
PSICOLOGO SOCIAL E DAS ORGANIZACOES

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Gravidez na Adolescência e Sexualidade:


1. Introdução
As transformações profundas na vivência da sexualidade na adolescência têm propiciado o aumento da incidência de gravidez. O declínio das taxas de fecundidade desde a década de 70 parece caminhar contrariamente à crescente incidência de gestação na adolescência (Camarno, 1998). Esta é considerada em diversos países como sério problema de saúde pública em virtude do impacto que pode trazer à saúde materno-fetal e ao bem-estar social e económico de um país (Koniak- Grieffin et al 2000; Orvos. et al, 1999; Sabrosa et al, 2004).
As equipes de Estratégias de Saúde da Família tendo como foco a Promoção, Prevenção e Recuperação da saúde actuam na busca de melhorias, integração da comunidade e profissionais de saúde, criação de vínculos. Para tal, propõe – se uma nova configuração para estruturação dos serviços de saúde, promovendo a aproximação dos profissionais e seu objecto de trabalho, com o compromisso de prestar uma assistência integral e eficaz.
Assim, solicita -se uma equipe multiprofissional para actuar nas necessidades de cada localidade, agindo interdiciplinarmente nos factores determinantes e condicionantes que interferem no processo saúde-doença. Na área de saúde, a delimitação de necessidades dos jovens tem se apoiadoem uma definição de adolescência de base etária (10 aos 19 anos), período que se considera como caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais (WHO, 1986).
Frequentemente, incorre-se em uma naturalização do processo de transição da infância à vida adulta e, ao mesmo tempo, reitera-se o carácter imaturo e irresponsável dos jovens (Stern & Garcia, 1999), essa fase é considerada como sendo uma idade precoce para a mulher ter filhos.
Nesse sentido, este estudo propõe em primeira instância, subsidiar práticas voltadas aos adolescentes e alertar os profissionais actuantes nas equipes de saúde da família sobre as situações configuradas na adolescência, a gravidez entre adolescentes e reafirmar a importância de parcerias institucionais, tendo cuidado no tratamento das questões mais complexas. Destaca-se a grande preocupação em relação a esse contexto e espera-se integrar acções num sistema de rede os diversos programas já em funcionamento, desenvolvidos pelas estruturas dos Bairros da cidade de Maputo. Com isso, será possível evitar uma postura de isolamento, de duplicação de acções e de auto-resolução de problema e buscar desenvolver ações articuladas, contínuas, coerentes e eficazes dos profissionais de saúde, em particular aos psicólogois.
1.2. Objetivos
1.2.1. Geral
Oferecer subsídios para o planeamento de ações voltadas a sexualidade, vida reprodutiva e gravidez na adolescência nas comunidades do Bairro de Machaquene, arredores da Cidade de Maputo.
1.2.3. Específicos:
Descrever aspectos da adolescência e a sexualidade nessa fase;
Descrever as variáveis socioculturais que contribuem para gravidez na adolescência;
Contribuir para a revisão e ampliação dos conhecimentos acerca da gravidez na adolescência.
1.3. Justificativa
Fundamentado na complexidade do tema, no conhecimento da necessidade de minimizar os agravos decorrentes das consequências e complicações de uma gravidez não planeada na adolescência e de reduzir os riscos ás gestantes que são sujeitas a tais complicações durante a gestação e no parto, optou-se pelo desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, almejando a compreensão e o estudo deste assunto, percebido como importante desafio para os serviços de saúde pública. O acesso a este contexto possibilitará ampliação dos conhecimentos relativos às adolescentes grávidas, visando a conscientização necessária para a diminuição dos casos de gravidez nesse grupo social. Este estudo torna-se de relevância pessoal, pois a formação estimula a capacidade do profissional de psicologia na promoção de acções inovadoras, uma vez que a gravidez na adolescência é um fenómeno de grande ocorrência nas comunidades da cidade de Maputo  o que acarreta inúmeras consequências psicossociais.
De relevância social, por ser a gravidez em adolescentes um fenómeno que envolve múltiplos factores correlacionados inclusive, os riscos de uma gravidez em menores de 20 anos e suas complicações merecem atenção especial dos psicólogos, cujo conhecimento e capacidade de detecção de agravos sociais poderão constituir diferencial na redução de ocorrência de novos casos entre as jovens do Bairro de Machaqueni.

1.4. Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura, de natureza narrativa, produzida a partir de informaçoes obtidas nas visitas de estudo no Bairro da Machaquene. Também foram pesquisados sites estatísticos do governo de Moçambique e outras publicações científicas. Os critérios de inclusão dos estudos encontrados e seleção dos artigos ocorreram da forma pela qual se relacionavam ao foco da pesquisa como: a abordagem sobre a adolescência, variáveis relacionadas a sexualidade na adolescência e aspectos referentes a gravidez na adolescência.
A busca nos sites e fontes consultadas permitiu a organização por meio da leitura, análise dos conteúdos selecionados e agrupamento segundo a semelhança da abordagem referenciada. Assim, foram selecionados dentro da literatura especializada, os trabalhos que atendiam aos critérios de inclusão. Foi realizada uma análise sobre a adolescência, a sexualidade, e a gravidez na adolescência que permitiu a proposição de subsídios para o planeamento de acções voltadas a atenção básica e saúde pública a fim de reduzir o elevado índice de gravidez na adolescência.
2. Revisao da Literatura
2.1. Adolescência e Sexualidade: Aspectos Gerais
Hercowitz (2002), relata que a adolescência é a fase de transição entre a infância e a idade adulta, quando o desenvolvimento da sexualidade reveste-se de fundamental importância para o crescimento do indivíduo em direcção à sua identidade adulta, determinando sua auto-estima, relações afectivas e inserção na estrutura social.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência compreende um período entre os 11 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas advindas da maturação fisiológica (Kahhale, 1997). Muuss (1976) enfatizou a adolescência como um período de transição em que o indivíduo vive uma situação marginal, na qual novos ajustamentos devem ser feitos entre o comportamento de criança e o comportamento do adulto.
Quanto a essa definição de adolescência, é possível acreditar que não existe uma definição consensual, visto que toda definição é adquirida culturalmente e deve ser levado em consideração o contexto em que a pessoa está inserida, desta forma os autores divergem quanto à definição do que vem a ser a adolescência e a faixa etária que a delimita. (Muuss, 1976).
Em Moçambique a adolescência possui diferentes configurações, pois depende daclasse social em que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é entendida como um período de experimentação sem grandes consequências emocionais, económicas e sociais; o adolescente não assume responsabilidades, pois dedica-se apenas aos estudos, sendo essa a sua via de acesso ao mundo adulto.
Enquanto nas classes mais baixas, que representam aproximadamente 70 milhões de adolescentes com menos de 18 anos, os riscos do experimentar, tentar, viver novas experiências são maiores e não há a possibilidade de se dedicar somente aos estudos, tornando a adolescência simplesmente, um período que antecederá a constituição da própria família (Kahhale et al, 1997; Pereiar, 1996).
O sexo é uma função natural que existe desde o nascimento e varia de intensidade segundo o ciclo vital. A sexualidade representa uma característica humana, sendo complexa e diversa das diferentes formas de manifestação individual e social (Morreira et al, 2008). Essa alteração das emoções no adolescente pode ser explicada através dom papel do ambiente em sua vida, ou seja, seus comportamentos podem ser fruto de uma interação com um ambiente punitivo que não possibilita o aumento e a adequação do seu repertório comportamental. Muitos destes comportamentos são esquivas de um ambiente aversivo.
A fase da adolescência é mercada pela turbulência, apontada por vários autores como um período de intensas mudanças físicas, sexuais, psicológicas e sociais. É o momento em que a jovem busca formar a sua própria identidade, testando os valores e costumes aprendidos. Em geral, a crise de identidade se instaura no adolescente no momento em que ele busca encontrar sua própria resposta e motivações para a vida, procurando compreender o que é e o que quer (Benute & Galletta, 2002).
As modificações no padrão de comportamento dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade, exigem atenção cuidadosa por parte dos profissionais, devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce (Herowitz, 2002).
2.2. Variáveis Socioculturais no Universo da Gravidez na Adolescência
Muitos estudos ao longo dos anos abordaram o fenómeno da gravidez entre adolescentes em diferentes populações. Henshaw (1997), observou que os maiores índices de gestação na adolescência recaíam preferencialmente sobre a parcela negra da população (duas a três vezes maior do que entre as brancas), na qual predomina o nível sócio-económico baixo.
Bennett et al. (1997,) destacaram que a ocorrência de gravidez dos 15 aos 19 anos de idade é maior na zona rural do que nas áreas metropolitanas, onde, de uma forma geral, há mais acesso à educação e à informação. Singh (1998), de maneira semelhante, concluiu, em seu artigo, que níveis educacionais mais altos estão associados a menores índices de gestação na adolescência. Barnet et al. (2004), relataram que gravidez na adolescência estava associada com o aumento na taxa de evasão escolar e que isso aumentaria a probabilidade de persistirem as diferenças econômicas e sociais.
O nível económico parece ser um factor quase determinante para a ocorrência da gravidez, é nas classes económicas menos favorecidas que há uma elevada incidência de adolescentes grávidas devido ao abandono e promiscuidade dessa população, maior desinformação e menor acesso aos métodos anticoncepcionais (Barnet et al.,2004)
Múltiplas causas foram sendo apontadas pelos estudiosos no decorrer dos anos, na abordagem da gravidez na adolescência. Duarte (1997), relata que a gravidez na adolescência não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia.
Conforme Persona et al. (2004), mais da metade das adolescentes engravidam por outras causas que não o desejo pela maternidade em si. Engravidar para não perder o namorado, para sair da casa dos pais e evitar o clima familiar desagradável, para afirmar sua feminilidade através da fertilidade, para encontrar nos cuidados com o filho um objectivo para sua vida, para aplacar a solidão na companhia do filho, dentre outros, por uma vida tortuosa, a tentativa de preencher um vazio interior.
Costa (1998), relata sobre a criança de hoje, que é bastante precoce nas questões da sexualidade, por meio de sua curiosidade em querer conhecer como se formam os bebés e como ocorre a intimidade sexual. Há muitos casos onde as crianças com idade a partir de seis anos, que já desejam olhar revistas de mulheres nuas. Nesta esfera encontra-se a liberação sexual vivida atualmente, a qual contribui para o aumento do número de adolescentes grávidas.
Algumas pesquisas apontam que a maioria das adolescentes que engravidam são filhas de mães que também engravidaram durante a adolescência. Um fenómeno psicológico (inconsciente) de repetição da história materna, podendo ser a gravidez uma tentativa de reconciliação entre mãe e filha (Correa & Coates, 1991).
Além dos fatores biológicos, a literatura correlacta recente acrescenta que a gravidez adolescente também apresenta repercussões no âmbito psicológico, sociocultural e económico, que afectam a jovem, a família e a sociedade. (Santos & Silva, 2000).
De acordo com Wong & Melo (1987), a crescente tendência da liberação do comportamento social, especificamente, o sexual, contribui para o aumento da gravidez na adolescência, devido à falta de conhecimento do próprio corpo enquanto função reprodutora, vinda da falta de uma educação esclarecedora tanto no âmbito familiar como no escolar e social.
A gestação na adolescência pode identificar carência afectiva, desejo de desafiar a família, desejo de se tornar adulto. A gravidez tem o potencial de elevar as jovens à posição de mulheres, conferindo-lhes status de adultas. Nesses meios, a família ocupa posição central, enquanto a escolaridade e o trabalho tomam posições periféricas. (Bonetto, 1993).
2.2. A Gravidez na Adolescência: Implicaçoes
Durante a adolescência ocorrem mudanças morfofisiológicas e comportamentais oriundas do efeito dos hormónios que actuam especificamente no homem e na mulher, e consequente amadurecimento dos órgãos sexuais (Cabral, 1999). Em muitos casos, o início da vida sexual ocorre sem haver ainda maturação psicológica e física do adolescente. Nesta fase, as mudanças psicológicas, a busca de identidade e a curiosidade sexual são acentuadas (Maciel,1983).
Ao examinar alguns alguns casos, pode – se identificar complicações para a saúde da adolescente e do bebé. Uma delas, decorrente da imaturidade anatómo-fisiológica, é o baixo peso ao nascer e a prematuridade do bebé. Mais uma complicação seria a toxemia gravídica, que aparece nos últimos três meses de gestação e principalmente na primeira gravidez das jovens podendo ocorrer desde pré-eclâmpsia, eclâmpsia, convulsão até coma e alto risco de morte da mãe e do bebé.
Segundo Oliveira (1998), outra complicação pode ocorrer no momento do parto, o qual pode ser prematuro, demorado, com necessidade de uma operaçao (cesariana) e com risco de ruptura do colo do útero, e também complicações relacionadas às infecções urogenitais especialmente decorrentes de parto feito em más condições. Risco de anemia seria um outro factor, já que naturalmente a adolescente, em fase de crescimento, necessita de boa alimentação.
A gravidez na adolescência tem sido alvo de preocupação de técnicos e governantes, não só em países pobres como Moçambique, mas também nos desenvolvidos. Nos Estados Unidos, o problema da gravidez precoce tomou tamanha proporção que em 1996, foi considerada epidêmica. (Montessoro, 1996).
Esse despertar da sexualidade na adolescência é acompanhado por uma grande leva de desinformação, os pais, por não disporem de informação ou porconstrangimento de falar sobre sexo com seus filhos, acabam não cumprindo seu papel de educador. Assim, as famílias não transmitem a orientação sexual adequada, deixando o jovem em desvantagem. (Morreira et al., 2008).
Lourenço (1998), relata que a gravidez é considerada como um desafio à maturidade e à estrutura da personalidade da mulher, visto que, esta está exposta a diversos conflitos que requerem, de certa forma, uma resolução, reestruturação e reajustamento aos vários níveis fisiológicos, sociais e psicológicos. A continuação da gravidez entre adolescentes pode levar à desorganizaçãon familiar, abandono escolar, afastamento social e do mercado de trabalho, além das questões emocionais.
2.3. Intervenção Comunitária para a Saúde Sexual – Reprodutiva dos Adolescentes
Coloca – se a necessidade de oferecer todo tipo de informação necessária aos adolescentes, bem como uma disponibilidade, por parte dos profissionais, governantes e da sociedade, para escutar as opinioes dos adolescente. Esta postura deve desconsiderar regras pré-estabelecidas de comportamento e deve promover um esforço no sentido de criar, juntamente com os tais adolescentes, padrões que se adequem à realidade e à singularidade de cada situação (Cerqueira, 1996).
Bernardes & Luz (1978), enfatiza que a maternidade representa um fardo pesado para as adolescentes, com isso, para tentar superar esse sofrimento, a mãe adolescente necessita de uma rede de apoio. Esta deve incluir não apenas seu companheiro/marido, pessoas da família, mas, sobretudo, políticas públicas e equipamentos sociais que criem condições para que o cuidado e a educação da criança não signifiquem uma tarefa social assumida somente pela mãe, mas uma tarefa social e colectiva, e para que a vida dessa jovem não fique restrita aos limites da domesticidade.
Dessa forma, Luz (1989), considerando a gravidez na adolescência como um problema de saúde pública e de difícil solução, acredita que seja necessária a implementação de programas de atenção à saúde dessas jovens, chamando a atenção para o poder público a fim de estimular e subsidiar programas de saúde ao nível preventivo para esse grupo etário.
A promoção da saúde de adolescentes precisa incorporar acções no serviço de saúde no combate às diversas formas de exclusão e discriminação. Embora estas sejam questões do âmbito social e cultural, o seu impacto sobre o bem-estar psicológico e emocional e, inclusive, sobre a dimensão física da saúde pode ser devastador.
Estudos têm mostrado a associação entre um cuidado pré-natal adequado e um melhor resultado na gestação e no parto, seja em mulheres adolescentes ou mais maduras. Porém, tem sido observado que as gestantes adolescentes frequentam menos as consultas no período pré-natal ou iniciam mais tardiamente esse acompanhamento. Esse fenómeno exige dos profissionais que actuam na saúde, uma posição de mudança na forma de abordagem desse grupo social, pois cabe ao profissional informar, orientar quanto ao uso de métodos contraceptivos e dos cuidados na gestação.
Segundo Moreira et al. (2008), na atenção básica pode-se realizar palestras dirigidas aos adolescentes, utilizando recursos didáticos que os sensibilizem para o uso de métodos contraceptivos. Deve-se também sensibilizar a equipe multiprofissional para o trabalho com adolescentes, incentivando seu maior empenhonos programas de assistência a esse grupo; e, desenvolver o trabalho com grupos de adolescentes a partir das necessidades apontadas por eles para que sejam atores ativos nesse processo, o que contribuirá na sua formação para a vida e o mundo.
Deve haver uma capaciatacao para o desenvolvimento continuo de acções de promoção da saúde junto a esta população, no que pesam as intervenções educativas realizadas pelo enfermeiro no cenário da saúde. Portanto, uma adequada política de planeamento familiar envolve a actuação educativa direta do profissional de saúde, mas também um fornecimento regular dos métodos contraceptivos e o acesso aos serviços de saúde, garantidos através de uma adequada gestão em saúde (Moura & Silva, 2005).
3. Considerações Finais
A adolescência se caracteriza por ser uma fase de grandes e complexas modificações físicas, sexuais, sociais e principalmente psicológicas. Essas transformações ocorrem em meia à busca de uma identidade por parte do jovem, tendo para isso, o uso de valores, hábitos e conhecimentos que são fruto do seu convício social ou vão sendo adquiridos com o desenvolver dessa fase.
Com essas bases, o adolescente se torna vulnerável, e dentre as ocorrências típicas dessa idade, está a gravidez na adolescência. Fase esta, marcada por conflitos de gerações, ambigüidades de informações e posturas capturadas pelo adolescente, na tentativa de lidar com as modificações do corpo e seus conflitos interiores, o sexo assume mais do que o papel natural e vai variando de intensidade de acordo ao contexto social ao qual se insere.
Vale ressaltar que a gravidez na adolescência não é algo novo, mas sempre ganha novas configurações, e merecendo, portanto, uma atenção focada e eficaz por parte dos especialistas na área da atenção básica, principalmente no contexto da saúde pública. As acções na adolescência devem ser integradas e fazerem parte de um sistema de serviços de saúde, que busque acompanhar continuamente os jovens.
As acções continuadas devem priorizar o prosseguimento dos programas públicos a nível dos bairros  voltados principalmente aos adolescentes, num protagonismo juvenil, norteando as acções e estabelecendo uma rede de atenção, ligando serviços que já existem e estabelecendo acções a serem implantadas e implementadas nos diversos contextos sociais que configuram as diversas comunidades e a gravidez na adolescência.
É necessário a construção de alicerces sólidos na rede de atenção à saúde, qualidade da assistência prestada, educação permanente dos profissionais de saúde, além da ampliação das práticas voltadas ao público adolescente, com práticas compartilhadas, não restritas apenas às palestras em escolas, com entrega de preservativos, como também a captação precoce das adolescentes com atenção qualificada e diferenciada voltadas as mães adolescentes e não apenas tratando-as comumente.
A descentralização dos serviços de saúde a nível dos bairroas pode ajudar a refletir essa forma de organização, administrando os serviços com a participação da comunidade na formulação de acções, conferindo prioridade as acções educativas para os adolescentes, sem abandono das actividades essenciais, na efectivação do atendimento global e integração operacional de diversos sectores dentro do programa, sendo pré-condição para a eficácia e a equidade da rede como centro de coordenação da atenção primária às adolescentes grávidas.


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