ELIAS RICARDO SANDE

ELIAS RICARDO SANDE
PSICOLOGO SOCIAL E DAS ORGANIZACOES

segunda-feira, 10 de março de 2014

Protocolo de Observacao



Texto de Apoio
Organizado por Elias Ricardo Sande

Protocolo de Observação
Danna (1982), refere que o Protocolo de Observação (PO) é uma folha onde o observador regista os dados colectados. O PO contém uma serie de itens que abrangem as informações relevantes para a análise dos comportamentos obsevados. Uma das habilidades requeridas para o observador é a de preencher correctamente esses itens.

Modelo de PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO segundo Danna (1982)
1.    Nome do observador
2.    Objectivo da observação
3.    Data da observação
4.    Horário da observação
5.    Diagrama da observação
6.    Relato do ambiente físico
7.    Descrição do sujeito observado
8.    Relato do ambiebte social
9.    Técnica de registo utilizada e registo propriamente dito
10.                       Sistema de sinais e abreviações.

Os itens deste PO estão relacionados basicamente a três conjuntos de informações, a saber:
A.    Os itens 1 e 2 referem-se à identificação geral.
B.    Os itens 3 à 8 referem-se à identificação  das condições em que a observação ocorre. Esse conjunto inclui especificações com relação a quando e onde a observação foi realizada e quem foi observado.
C.    Os itens 9 e 10 referem-se ao registo de comportamentos e circunstâncias ambientais. Esse conjunto inclui informações sobre como a observação foi realizada, ié, a técnica de registo, o sistema de sinais e abreviações utilizado e informações sobre o que foi observado, ié, o registo propriamente dito.
A identificação das condições em que a observação ocorre
A identificação das condições em que a observação ocorre é importante na medida em que fornece elementos indispensáveis à análise e interpretação dos copmortamentos. Sabemos que o número e tipo de respostas que um organismo apresenta estão relacionados tanto às circunstâncias individuais do organismo, como o ambiente em que ele está inserido. Isso significa que determinados comportamentos têm maior probabilidade de ocorrer em algumas situações e em outras não.
Ex: é mais provável que o eu sorria ou dance numa festa do que num velório.
Descrição do sujeito observado
Ao descrever o sujeito deve-se fornecer informações com relação à:
·       espécie,
·       idade,
·       sexo,
Quando se trata de seres humanos, para além do indicado acima, deve-se também apresentar as seguintes características:
·       nível socio-económico,
·       grau de escolaridade,
·       altura,
·       se possível o peso,
·       a cor/raça
·       cor e tipo do vestuário
·       e todas as características possíveis de serem observadas (Ex: se o sujeito é portador de uma dificiência física).



Exemplo:
·       T: sexo feminino,
·       17 anos e seis meses de idade,
·       classe média-baixa,
·       12ªClasse,
·       usa moleta,
·       óculos e aprelho de audição nos ouvidos.

Descrição do ambiente físico
Descrever o ambiente físico significa descrever o local em que o sujeito se encontra. Ao descrever o ambiente físico, deve-se em primeiro lugar, identificar o local em que o sujeito se encontra (Ex: pátio da escola, escritório de uma firma), e em seguida fornecer suas caraqcterísitcas.
As caracterísitcas relevantes, ié, as características a serem descritas são:
·       o formato do local ou quando possível, suas dimenões;
·       o  número, tipo e disposição de portas, janelas, móveis e demais objectos presentes;
·       as condições da iluminação existente, Ex: luz natural, duas lâmpadas centrais acesas, etc.
·       as condições relacionadas ao funcionamento dos objectos, Ex: televisão ligada, ruido de motor, etc.

Caso haja alguma característica pouco comum a situação, esta caracterísitca deve ser mencionada, Ex: existência de uma parede esburacada, um móvel quebrado.


Exemplo:
Sala de estar da residência do suujeito, a sala mede aproximadamente 2.50m por 4.50m. A janela está localizada na parede frontal da sala, à 0,90m do chão.
A janela mede 2.0m de comprimento por 1,1m de altura. A sala possui duas portas, a porta “a” está localizada à esquerda da janela dá acesso a uma varanda e a outra, localizada no extremo oposto, dá acesso a sala de jantar. A porta “b” dá acesso à cozinha.
A sala contém os seguintes móveis e objectos:
·       01 sofá,
·       02 poltronas,
·       01 aparelho de televisão,
·       01 estante,
·       01 mesa de centro,
·       02 mesas laterias,
·       01 porta-revistas,
·       02 vasos com planta.
A estante abriga um conjunto de so. A sala é acarpetada. No momento da observação, a ilumunação é natural e o televisor está ligado.

Descrição do ambiente social
Descrever o ambiente social significa identificar as pessoas que estão presentes no local (com a excepção do sujeito que é descrito à parte) e descrever a actividade geral que sendo realizada pelos intervenientes.
Ao identificar as pessoas presentes no ambiente social, o observador fornece informações com relação ao
·       número,
·       sexo,
·       idade,
·       função destas pessoas (as pessoas devem ser identificadas por letras maiúsculas).
Se existirem caracteriísitcas comuns às pessoas presentes, é importante especificar também essas caracterísitcas. As referidas caracterísitcas comuns são: nível socio-económico, grau de escolaridade, etc.

Descrever a actividade geral significa identificar a as actividades que estão sendo desenvolividas no local.
Exemplo:
·       Aula de matemática
·       Aula de ginástica
·       Jogo de cartas
·       Jogo de xadrez

Deve-se identificar a localização das pessoas e descrever sucintamente o que elas estão a fazer. A descrição da actividade geral é uma descrição estática, é uma “fotografia” do ambiente soacial.
Exemplo:
Estão presentes na sala além do sujeito (S), quatro pessoas. A observadora (Ob), de aproximadamente 20 anos, aluna de Psicologia, a mãe (M) com aproximadamente 35 anos de idade, professora primária , a tia (T) de aproximadamente 20 anos de idade, estudante de Química, a irmã (I) de 4 anos de idade.
A mãe e a tia estão sentadas no sofá, assistindo televisão e conversando. A observadora está sentada numa das poltronas e a irmã de S na outra poltrona. Irmã está folheando uma revista.

Para descrever o ambiente físico e social, o observador utiliza dois recursos: O RELATO e o DIAGRAMA
O relato é a descrição verbal do ambiente. Os exemplos dados anteriorimente são de ambiente físico e social.
O diagrama é a representação do ambiente (físico e social) através de um desenho esquemático e de legendas informativas ( é uma planta do local). O diagrama representa simbolicamente a área observada e os elementos que estão dentro dela:
·       Portas
·       Janelas
·       Móveis
·       Pessoas

A utilidade do diagrama é a de facilitar a visualização, por terceiros, do ambiente observado, além de fornecer ao observador pontos de referência para o registo dos comportamentos.
Exemplo: vendo o diagrama o leitor tem condições de visualizar em que direcções o sujeito anda.
Ao fazer o diagrama, o observador deve:
·       Utilizar escalas proporcionais às dimensões reais da área,
·       Utilizar a mesma escala para representar as portas, janelas e móveis,
·       Localizar correctamente, naárea as portas, janelas e móveis,
·       Manter a proporção relativa das distâncias existentes entre portas, janelas e móveis,
·       Utilizar símbolos de fácil compreensão


Quando as pessoas presentes permanecem num local fixo, ou quando permanecem a maior parte do tempo num mesmo local, o obeservador poderá indicar no diagrama, a localização dessa pessoas, é costume indicar no diagrama a localização inicial do sujeito.

Para facilitar a elaboração do diagrama adopta-se as seguintes convenções:
·       As janelas, as portas e imóveis são representados por símbolos, e é como utilizar símbolos convenientes e adequados.
·       Paredes ou lados de área são representados por letras minúsculas
·       Os objectos são representados por números.
·       As pessoas são representadas por letras maiúsculas
·       O sujeito por S
·       O Observador por Ob





a
 
c
 
d
 
b
 
                                                   
Legenda
A,b,c,d paredes                                                        Sofá
                   Janela
            Portas                                                mesa laterla
                                                                       poltrona
            Estante                                              
      
            vaso




TAREFA
Recorrendo ao “Protocolo de Observação”, observe uma situção ou fenómeno real, apresentando os seguintes elementos:
·       Nome do observador
·       Objectivo da observação
·       Data da observação
·       Horário da observação
·       Diagrama da observação
·       Descrição do sujeito observado
·       Relato do ambiente físico
·       Relato do ambiebte social
·       Técnica de registo utilizada
·       Registo propriamente dito
·       Sistemática de registo.


Linguagem Cientifica



Texto de Apoio
Organizado por Elias Ricardo Sande
Maputo, 2011

LINGUAGEM CIENTÍFICA

Psicólogos e cientistas do comportamento são pessoas comuns que usam linguagem coloquial no seu dia-a-dia, mas na sua actividade profissional, quando estão interessados em descrever, explicar e alterar o comportamento, devem usar uma linguagem científica.
Observações comportamentais devem ser descritas utilizando-se uma linguagem científica para facilitar a comunicação entre psicólogos, modificadores do comportamento e pesquisadores.


Conceito
É um tipo de linguagem específica utilizado no contexto da ciência, que busca a descrição fidedigna do fenómeno descrito e/ou estudado, assim como a comunicação clara entre os cientistas e profissionais que a usam.

Pode ser usada em revistas científicas, resumos de congressos, reuniões científicas e nos registos de observações comportamentais.
·        É objetiva.
·        É clara e exacta (precisa).

CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM CIENTÍFICA
Objectividade
-Ausência de impressões subjectivas que se referem a eventos ou características que não foram, de facto, observados. A linguagem científica deve reproduzir o que realmente aconteceu e/ou foi dito.

-É uma das características principais da linguagem científica, uma vez que permite a aproximação da realidade.

-Distingue o relato científico de outros tipos de relato, que têm como objectivo expressar a opinião das pessoas. O relato científico não busca a expressão das opiniões pessoais do cientista, mas a descrição do fenómeno estudado.

-No contexto da observação do comportamento, elimina as divergências entre observadores diferentes, na medida em que descreve exactamente as acções que aconteceram. Ou seja, a objectividade permite a fidedignidade nas observações.

PRINCIPAIS ERROS CONTRA A OBJECTIVIDADE
-Utilização de termos que designem estados subjectivos, como ‘triste’, ‘cansado’, ‘alegre’, etc.
Por exemplo: Ao invés de registar ‘S está alegre’, o observador deve registar ‘S sorri, bate o pé direito no chão acompanhando o ritmo da música’.
-Atribuição de intenções ao sujeito. O observador deve descrever ou registar o comportamento e as circunstâncias em que ele ocorre, sem  interpretar as ‘intenções’ do sujeito. Por exemplo: Ao invés de registar ‘S tenta pedir um lugar aos passageiros’, o observador deve registar ‘S vira a cabeça em direcção aos passageiros’.

-Atribuição de finalidades à acção observada. O observador deve descrever ou registar o comportamento e as circunstâncias em que ele ocorre, sem atribuir uma finalidade ou objectivo ao comportamento observado.
Por exemplo: Ao invés de registar ‘S fecha a porta porque venta’, o observador deve registar ‘S fecha a porta. Venta lá fora.’

CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM CIENTÍFICA
Clareza e exactidão (precisão):
-Uso de uma linguagem de fácil compreensão (linguagem clara), e que represente as coisas com exactidão (linguagem precisa).
-A linguagem clara e precisa:
-Obedece os critérios de estrutura gramatical do idioma.
-Usa termos cujo significado não é ambíguo.
-Indica as propriedades definidoras dos termos, fornecendo referências quantitativas e empíricas.

PRINCIPAIS ERROS CONTRA A CLAREZA E EXATIDÃO (PRECISÃO)
-Uso de termos amplos, cujo significado inclui uma série de acções. O observador, em lugar de utilizar termos amplos, deve especificar os comportamentos apresentados pelo sujeito.
Por exemplo: Ao invés de registar ‘o menino brinca com a bola’, o observador deve registar ‘o menino anda em direcção à bola, pega a bola, joga-a no chão, chuta-a com o pé’.

-Uso de termos indefinidos, que não identificam o objecto ou identificam parcialmente os atributos do objecto. O observador, em lugar de utilizar termos indefinidos ou vagos, deve especificar o objecto ao qual a acção é dirigida, e fornecer os referenciais físicos utilizados para a descrição dos atributos do objecto; referenciais relativos a cor, tamanho, direcção, etc.
Por exemplo: Ao invés de registar ‘bola pequena’, o observador deve registar ‘uma bola de 20 cm de diâmetro’.

-Uso de termos ou expressões ambíguas, que podem dificultar a compreensão.
-O observador deve usar termos adicionais que indiquem precisamente a que ou quem um termo determinado se refere.
Por exemplo: Ao invés de registar ‘o menino pegou a bola. Encostou na parede’, o observador deve registar ‘o menino pegou a bola. O menino se encostou na parede’.

-A linguagem científica tem duas características fundamentais: objectividade, e clareza e exactidão (precisão).

Um relato objectivo evita:
a) utilizar termos que designem estados subjectivos;
b) interpretar as intenções do sujeito;
c) interpretar as finalidades da acção.

Para um relato ser claro e preciso deve-se evitar:
a) termos amplos;
b) termos indefinidos;
c) termos ou expressões ambíguas.